segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A felicidade é a empada do "bigode"...

Nossa visão de alegria é não ver o mal do mundo. No fim de ano todo mundo começa a falar: “Feliz natal, feliz ano novo!”.
Mas, ser feliz, como? O sujeito passou o ano todo quebrando a cara, reclamando da mulher, batendo nos filhos, lutando contra o desemprego, sendo humilhado pelos patrões, e aí, chega o fim do ano e todo mundo diz: “Seja feliz!” E aí o sujeito tem de estampar um sorriso alvar no rosto, uma baba simpática, um olhar vazado de luz bondosa, faz uma arvorezinha de Natal com bolotas coloridas, mata um peru magro e pensa: “Sou feliz!” “O ano que vem vai melhorar!”
Felicidade muda com a época. Antigamente, a felicidade era uma missão, a conquista de algo maior que nos coroasse de louros, a felicidade demandava o “sacrifício”, a luta por cima de obstáculos. Felicidade se construía – por sabedoria ou esforço criávamos condições de paz e alegria em nossas vidas.
Hoje, felicidade é ser desejado. Felicidade é ser consumido, é entrar num circuito comercial de sorrisos e festas e virar um objeto de consumo. Hoje, confundimos nosso destino com o destino das coisas... Uma salsicha é feliz? Os peitos de silicone são felizes?A felicidade não é mais interna, contemplativa, não é a calma vivência do instante, ou a visão da beleza. A felicidade é ter um “bom funcionamento”. Marshall McLuhan falou que os meios de comunicação são extensões de nossos braços, olhos e ouvidos. Hoje ,inverteram-se. Nós é que somos extensões das coisas. Fulano é a extensão deum banco, sicrano comporta-se como um celular, beltrana rebola feito um liquidificador. Assim como a mulher deseja ser um objeto de consumo, como um eletrodoméstico, um “avião”, uma máquina peituda, bunduda.
Hoje, a felicidade está na relação direta com a capacidade de não ver, de negar, de “forcluir” como dizem os lacanianos. Felicidade é uma lista de negativas. Não ter câncer, não ler jornal, não olhar os meninos miseráveis no sinal, não ver cadáveres na tv, não ter coração. O mundo está tão sujo e terrível que a felicidade é se transformar num clone de si mesmo, num andróide sem sentimentos, sem esperança, sem futuro, só vivendo um presente longo, como uma “rave” sem fim.
Outro dia, eu estava comendo uma empada de palmito na porta da Globo (na Kombi do “Bigode”, que faz as melhores empadas do mundo) quando, sem quê nem porquê, fui invadido por uma infinita ventura, uma felicidade que nunca tive. Durou uns minutos. Não sei a razão; acho que foi um protesto do corpo, um cansaço da depressão. Mas, logo depois, passou e voltei ao duro show da vida.
Hoje felicidade é o brilho de um solitário que suga o prazer, sem conflitos, sem afetos profundos, mas sempre com um sorriso simpático e congelado, porque é mais “comercial” ser alegre do que o velho herói dos anos 60, que carregava a dor do mundo. O herói feliz acha que não precisa de ninguém, que todos devem se aprisionar em seu charme, mas ele é ninguém. Para o herói criado pela mídia, o mundo é um grande pudim a ser comido.

(Arnaldo Jabor,trechos)

3 comentários:

- Moisés Correia - disse...

Para vós amigos… de reflexão,
uma natividade de prosperarão
e um ano novo também,
de rostos risonhos,
com realizações de vossos sonhos…
Num vislumbrar de um novo mundo
poetizar a paz e harmonia
cantando todos de mãos dadas
na sintonia da alegria.

Um Bom Natal.
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Paz
União
Alegrias
Esperança
Amor Sucesso
Realizações Luz
Respeito harmonia
Saúde solidariedade
Felicidade Humildade
Confraternização Pureza
Amizade Sabedoria Perdão
Igualdade Liberdade Boa sorte
Sinceridade Estima Fraternidade
Equilíbrio Dignidade Benevolência
Fé Bondade Paciência Brandura Força
Tenacidade Prosperidade Reconhecimento
!!!!
!!!!
!!!!
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-Manzas-

Natália disse...

Realidade.

Kukla disse...

Tudo!
Resumo para o próximo ano, escolher novos motivos para a sua felicidade